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EUROFRUIT “Início antecipado para damascos portugueses”

“Tomás Ferreira da GRANFER, o maior produtor de fruta com caroço do país, analisa as perspetivas para a nova campanha:

O granizo, em partes do norte de Portugal, levou a uma ligeira queda nos volumes de damasco este ano para a Granfer, o principal produtor de fruta com caroço do país. No entanto, a colheita no Alentejo, a outra principal área de produção da Granfer mais a sul, está a correr bem, segundo o responsável pelo comércio e marketing, Tomás Ferreira.

“No que diz respeito à qualidade, depende dos padrões de precipitação e temperatura durante o resto de maio – se continuarmos a experimentar as baixas temperaturas que vimos durante abril, isso poderá afetar tanto a qualidade como o volume geral”, disse ele à Fruitnet.

As baixas temperaturas também podem impactar a demanda, que normalmente aumenta à medida que o clima fica mais quente. Com a expectativa de que a colheita europeia pese em 523.986 toneladas este ano – inalterada em relação ao ano passado, mas 2 por cento acima da média de cinco anos para 2018-2022, Tomás Ferreira diz que o mercado estará bem abastecido durante os meses de verão.

“A qualidade está aí, por isso esperamos ver um mercado regulado e equilibrado. No ano passado, os preços mantiveram-se em níveis bastante bons no início da temporada e depois caíram um pouco e espero que esta temporada seja semelhante”, observa.

A maior parte da produção de damasco da Granfer está localizada na Cova da Beira, no norte de Portugal, onde o terreno e as condições de cultivo são ideais para o cultivo desta fruta. O resto vem do Alentejo e da Extremadura, do outro lado da fronteira com Espanha. A colheita aqui começou em meados de maio, cerca de uma semana antes do habitual, com a Ninfa, uma variedade redonda, amarela/laranja, e continua com a Kioto, uma variedade laranja brilhante com um atraente tom vermelho. Juntos, eles respondem pela maior parte da produção de damasco da Granfer.

Ferreira observa que uma tendência chave nos últimos anos tem sido no sentido de uma maior segmentação do mercado entre variedades amarelas/laranja e variedades tintas. Ele diz que estes últimos ajudam a criar entusiasmo e a gerar demanda em toda a categoria.

“Os consumidores gostam do produto – vemos cada vez mais interesse nele. Mas está cada vez mais difícil de produzir – dizem que algumas frutas são feitas para o consumidor, mas não para o produtor e isso é muito o caso dos damascos”, afirma.

“De todas as frutas com caroço, é a mais delicada e a de maior risco de cultivo. Pode ter uma boa produção num ano e uma má colheita no ano seguinte. É muito difícil tornar os damascos lucrativos.”

Para mitigar o risco, a Granfer possui herdades próprias e trabalha com produtores em diversas zonas de produção para minimizar o risco de uma má colheita.

“Acho que o mercado deveria estar preparado para pagar um pouco mais pela fruta porque senão não vejo muitos produtores interessados ​​em seguir esse empreendimento a longo prazo”, continua Ferreira.

Ele acredita que mais também deveria ser feito a nível retalhista no que diz respeito à exposição da fruta nas lojas e à educação dos consumidores sobre as suas propriedades, especialmente aqueles nos mercados do norte da Europa, onde existe uma falta generalizada de consciência sobre a sazonalidade do produto.

“Quando alguém come um dos nossos damascos, está a falar de algo que foi colhido há três dias e chega fresco à sua mesa. É totalmente único e não se compara a uma fruta importada do outro lado do mundo”, afirma.

“Em Portugal, Espanha ou Itália celebramos o facto de um produto estar na época. Isso cria entusiasmo e gera mais vendas.”

Segundo Ferreira, a chegada dos fundos de private equity teve um grande impacto na indústria frutícola portuguesa. “Se percorrermos o Alentejo vemos que a paisagem está a mudar. Há menos pequenos produtores e os novos investimentos concentram-se em culturas menos arriscadas, como amêndoas ou azeitonas”, afirma.

“Mas a sua contribuição para a economia local não é a mesma. No pico da época temos 150 pessoas a trabalhar na herdade, enquanto uma produção de amêndoa ou azeitona terá quatro ou cinco pessoas porque a indústria é mecanizada.

“É assim que as coisas são. Mas quero promover a singularidade da nossa indústria e do nosso produto. É trabalhoso, mas dá uma contribuição significativa para a economia local. Estamos a criar empregos para a próxima geração.”

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